quinta-feira, 14 de abril de 2011

Audiência pública sobre mobilidade urbana - 12/04/2011


Ocorreu na Câmara Municipal de Jundiaí – SP, nesta terça feira, 12 de abril, uma audiência verdadeiramente pública sobre mobilidade urbana. A atividade, encabeçada pelo PSOL regional, PC do B, PPS, PT e membros de diversos Movimentos Sociais progressistas de Jundiaí contou com a presença de Lúcio Gregori, Engenheiro aposentado do CET, Ex-Diretor Técnico da EMPLASA de São Paulo, Ex-Diretor de Planejamento da EMURB Ex-Secretário de Serviços e Obras e Transportes de São Paulo no Governo de Luiza Erundina (à época do PT).
A organização dos trabalhos ficou sob responsabilidade do Companheiro Vanderlei Victorino - BA, representando o PSOL no Movimento Jundiaí Livre, movimento este que agrega representantes dos 4 partidos citados e onde o PSOL vêm pontualmente agregando forças para promover o debate público de questões do interesse dos munícipes e, cujo maior objetivo é confrontar politicamente as forças hegemônicas locais (leia-se PSDB), que há mais de 25 anos governam, utilizando-se de meios bastante escusos, o município de Jundiaí - SP. O PSOL vêm se destacando no Movimento ao trazer um legítimo debate encabeçado pelas suas lideranças sociais e agregando ao movimento a crítica aos modelos de gestão pública que aí estão.
Gregori abordou como tema central a mobilidade urbana, relatando suas experiências na administração pública de São Paulo, pautando questões sobre transporte público, sistema viário municipal e orçamento público. Trouxe reflexões a respeito do caráter efetivamente público do transporte no Brasil, visto que a aumento progressivo das taxas às empresas de transporte coletivo atendem a uma naturalização do pagamento, e portanto, da utilização privada dos benefícios que deveriam ser públicos, descaracterizando o conceito universalista do transporte público. Além disso, as administrações públicas ao invés de subsidiarem o transporte coletivo, permitem as empresas concessionárias o olhar empresarial, capitalista, indo em busca do lucro ao oferecer serviço público, invertendo a lógica deste benefício social. Com isso Gregori justificou a sua hipótese de que transporte coletivo é antes uma questão política, em razão dos interesses a que servem, do que uma abordagem técnica.
Por fim, Gregori realizou uma análise da mobilidade urbana em Jundiaí, abordando, entre outros, a ineficiência dos terminais urbanos, uma vez que o cidadão precisa trocar várias vezes de ônibus, passar por diversos terminais para destinos próximos, aumentando expressivamente o tempo de viagem. Concluiu então que dessa forma o transporte coletivo torna-se pouco atrativo como uma alternativa ao transporte individual, agravando o problema da mobilidade em Jundiaí em razão dos problemáticos congestionamentos de automóveis nas vias municipais. No imaginário coletivo também é fato que nas últimas cinco décadas, tornou-se lugar comum o símbolo capitalista de que o veículo individual é a consagração dos vencedores no sistema produtivo e de que o transporte coletivo serve aos perdedores. Além disso destacou a construção de muros em um bairro de alto padrão em Jundiaí, que restringe o direito de ir e vir do cidadão pelas ruas do município.
Ao fim do seu discurso foi a vez do público presente sabatinar o palestrante trazendo importantes questões do impacto destrutivo que a política municipal vem promovendo na cidade.
Novas atividades como esta acontecerão nos próximos meses como parte deste movimento, no qual o PSOL é a voz crítica, às vezes dissonante mesmo no interior da esquerda no município. A importância deste movimento é confrontar políticamente com a ordem estabelecida ideologicamente pelos grupos hegemônicos locais que há décadas insistem em promover uma cidade desigual socialmente, etnicamente e espacialmente.   

Atenciosamente
Samuel C. Pupo

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